quarta-feira, 19 de maio de 2010


A primeira é CAPACIDADE DE PERCEPÇÃO. Não apenas perceber a técnica exata dos movimentos executados e suas inúmeras variações (isso qualquer profissional da nossa área necessita desenvolver), mas também as nuances de comportamento pessoal e de reações emocionais que via de regra acompanham o gesto esportivo e que, no caso dos deficientes, tem uma importância capital em seu desempenho.

O profissional para trabalhar com deficientes deve ser um observador compulsivo e detalhista, para não deixar escapar nada que possa ser trabalhado em aula e transformado em melhoria técnica ou física. Esta capacidade perceptiva é até certo ponto treinável, mas quem a possuir já de forma inata terá amplas vantagens sobre alguém menos observador. Talvez aqui esteja boa parte da explicação de por que há tantas mulheres atuando neste setor: todas as pesquisas das neurociências indicam que as mulheres são bem mais observadoras que nós homens.

A segunda característica é BOM CONHECIMENTO DA MODALIDADE EM SI. Pode parecer óbvio, mas não é. Muitas pessoas imaginam que por tratar-se de pessoas com deficiência, e conseqüentemente incapazes de executar movimentos tecnicamente sofisticados, o trabalho com estes grupos especiais dispensa um conhecimento mais bem acabado dos esportes. Enganam-se. Para adaptar uma modalidade às dificuldades de quem quer que seja, é necessário conhecer profundamente a biomecânica, a técnica, a tática e todos os aspectos do esporte onde iremos atuar.

Só quem conhece sabe adaptar com eficácia, pois adaptar pressupõe flexibilizar determinantes técnicos na exata dimensão das limitações de quem recebe as nossas orientações. Conhecimentos esportivos muito rarefeitos não permitirão que isso ocorra de maneira ideal.

A terceira característica é BOM CONHECIMENTO DAS DEFICIÊNCIAS COM AS QUAIS TRABALHAMOS, e mais especificamente, de como essas deficiências limitam ora a capacidade de compreensão das instruções (que é o início de toda conquista motora), ora a execução prática delas. Cada deficiência é sempre diferente das outras e cada uma delas tem graus e características muito próprias. Apenas um sólido conhecimento destes detalhes permitirá ao profissional contornar as muitas dificuldades que surgirão ao longo do processo ensino-aprendizagem.

Será preciso comunicar-se adequadamente (muitas deficiências físicas implicam em algum rebaixamento cognitivo), possibilitar a conquista da habilidade motora em si (todo o feedback proprioceptivo – tátil, sinestésico, visual - do deficiente pode estar comprometido) e viabilizar a sua fixação, através de repetições qualitativamente adequadas.

Fonte: http://www.educacaofisica.com.br/blogs/dentrodagua/texto.asp?id=227

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